E por falar em saudade...

Bom, o que mais sentimos nessa quarentena é saudades, né? De praticamente tudo. Com isso, resolvemos compartilhar com vocês um texto que escrevemos e que expressa esse sentimento. Esperamos que vocês curtam! 

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A noite passada foi como um pesadelo para mim. Não consegui aguentar por muito tempo as lágrimas que insistiam em cair. Quentes. Pegando fogo. Exaustas de estarem sendo aprisionadas. Lágrimas carregadas. Carregadas de saudades.

De acordo com o dicionário, saudades é um "sentimento melancólico devido ao afastamento de uma pessoa, uma coisa ou um lugar, ou à ausência de experiências prazerosas já vividas (freq. us. tb. no pl.)". Mas é muito mais que um simples significado no dicionário, certo?

É dor, muita dor. E também medo.

Na real, é até difícil pra mensurar em palavras o que a palavra quase mágica saudades é, de fato. Muitas línguas desconhecem o significado dela. Até porque saudades vai muito além disso.

A saudade que me atormenta é de poder colocar o pé na rua, de admirar o céu, e até de cumprimentar com um abraço um conhecido que não vejo há muito tempo. Saudades de ver e sentir o mar, e toda sua imensidão azul. Saudades de passear no shopping e não comprar nada, só andar sem compromisso e observar as pessoas à volta. Saudades de agarrar - literalmente - as pessoas que eu amo.

Saudades. Saudades. Muitas saudades. Saudades que não cabem no peito.

De volta à noite passada, naquele momento, repeti por diversas vezes o mantra de que ninguém é forte o tempo todo e, por um breve momento, me acalmei. Mas lá vieram elas de novo, insistindo em saírem, assim como eu, como você, como nós. E chorei, desabei, e me afoguei em meu pior sentimento: o medo.

Medo de nada voltar a ser como era antes. Medo de não aguentar tamanha falta de que sinto de você. Medo de imaginar um mundo onde abraços não são mais permitidos. E cara, tudo o que eu preciso e precisava, naquele momento, era de um abraço apertado.

De alguém me dizendo que vai ficar tudo bem, mesmo que simplesmente não vá. Todos estamos no mesmo barco. Ninguém sabe de nada e ao mesmo tempo parecemos saber de tudo. Como isso? Como fomos deixar chegar a esse nível?

É triste. Doloroso.

Tudo o que eu mais queria era acordar no dia seguinte e me surpreender sabendo que tudo isso que estamos vivendo não passou de um terrível pesadelo.

Mas não é. Droga, não é.

E está longe de ser.